sábado, 1 de setembro de 2007

Pelo Tombamento Estadual do Cine Icaraí - Niterói

Assinem!!! http://www.petitiononline.com/icarai/



Desde agosto de 1907, funcionava ao ar livre no Jardim Icaraí, hoje praça Getúlio Vargas, o Cinematógrapho Icarahy, que utilizava energia elétrica cedida gratuitamente da Cia. Cantareira e Viação Fluminense.


Em 30 de setembro de 1916 em uma bem montada casa no local do atual Cine Icaraí começaram as exibições - com os filmes “O crime da meia noite” e “Uma causa célebre”.

O prédio atual foi construído nas décadas de 30/40 dá seguimento à tradição de exibições de filmes no local. Ele compõe um importante reduto artístico da cidade inserido na vida cultural de Niterói juntamente com a Reitoria da UFF, que abriga o Centro de Artes (Galeria de Arte, Fotografia, Espaço Livre, Cinema, Orquestra Sinfônica Nacional e Teatro).

É um dos últimos prédios em nossa cidade com traços da influência da arquitetura Art Déco, muito utilizado nos tempos áureos do cinema americano de Hollywood, além de testemunhar o desenvolvimento urbano de Niterói.

O Cinema Icaraí é testemunha da construção de uma capital cultural e política para o Estado do Rio de Janeiro e marca arquitetonicamente essa história.

Considerando ainda a afeição que os niteroienses, de diversas gerações, possuem pelo Cine Icaraí, o município através da Lei 1838/2001 promove o seu tombamento, preservando-se assim definitivamente a sua condição, uso e a Praça Getúlio Vargas acima citada.

No entanto, em 2005, o Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural – CMPC – em reunião com representantes do Grupo Severiano Ribeiro, proprietário do imóvel e do cinema á época, toma ciência de que este não deseja mais manter o cinema aberto por questões comerciais, em especial a disputa com os espaços de cinema Multiplex.

Nesse sentido, em negociação, o CMPC flexibilizou o interior do prédio de modo a permitir a construção de mais salas, tornando o cinema viável economicamente.

Mas mesmo assim, a graças ao lobby da indústria imobiliária, deixando de fora o CMPC das decisões, foi promulgada a Lei 2381, em agosto de 2006, que “destomba” parcialmente o Cinema Icaraí ao preservar apenas a fachada frontal do prédio e permite a construção de um edifício de 14 andares de apartamentos, o que desfigura o prédio, além disso, passa a entender como cultura lan house e outros tipos de lojas.

A Prefeitura Municipal de Niterói vetou o Projeto de Lei de destombamento e o Conselho Municipal de Patrimônio Cultural deu parecer unânime o contrário.

Porém, a Câmara de Vereadores derrubou o veto do prefeito.

Desde então, os moradores do município têm realizado manifestações públicas em defesa do Cine Icaraí. Já são mais de oito mil assinaturas e praticamente todas as entidades do movimento social organizado estão nessa luta, o que demonstra uma vontade pública de ter de volta, sem descaracterização arquitetônica, o Cine Icaraí.

Mais do que isso, o Cine Icaraí é em nossa cidade um patrimônio cultural integral, entendido pelo valor arquitetônico e pelo seu uso como cinema. É a síntese de patrimônio imaterial e material, onde um enriquece e dá significado ao outro.

Um comentário:

Marcus disse...

Sou totalmente a favor do tombamento do Cine ICARAÍ pois o mesmo fez parte de minha vida durante 27 anos, tempo em que morei no prédio com minha mãe e avó, lembro das filas imensas de pessoas aguardando a chance de ver um dos filmes, do pipoqueiro da carrocinha com seu cheiro delicioso invadindo minha casa, da ressaca que veio quebrar suas ondas nas escadas do cinema, e da areia que ocupou toda a frente do cinema após o recuo das ondas, do foto preuss, localizado no primeiro andar do prédio onde minha avó trabalhava como fotógrafa de casamentos e já naquela época trabalhava com lápis 2B, HB e outros para o fotoshop da época, onde eram retiradas espinhas, rugas, e imperfeições indesejadas, imagine isso a quase 50 anos, etc,
etc.
Enfim se for possível revitalizar o cinema e mante-lo acredito que seja um grande passo na preservação da memória da cidade.
MARCUS FALCÃO BORJA