quinta-feira, 13 de setembro de 2007


"Vivem os estudantes de direito hoje, no Brasil, uma perplexidade singular e angustiante: quase tudo aquilo que seus professores de direito penal, processual penal e - nas raras escolas que oferecem a disciplina - criminologia lhes ensinam é cabalmente questionado ou desmentido, em uníssono, pelas grandes empresas de comunicação, em seu noticiário, seus editoriais, suas "pesquisas", suas peças publicitárias e suas crônicas. É como se o fruto desse pensamento único da grande mídia, convertido em discurso propulsor de um senso comum político-criminal, advertisse permanentemente os estudantes de direito para o que se espera que eles venham a ser: juízes impiedosos perante os dramas que desfilam à sua frente, promotores sádicos que se comprazem em contabilizar os séculos de liberdade humana que lograram embargar, advogados submissos pela covardia ou pelo carreirismo, policiais capazes de degustar um charuto entre os corpos ainda quentes executados. São esses os heróis deles. Mas a juventude acadêmica deseja outro destino, e irá construí-lo, na contra-mão do senso comum massivamente destilado pelas manchetes dos jornais e pelos âncoras da tevê..."


A juventude acadêmica e a questão criminal
Nilo Batista

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