segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Sobre falsidades ditas a respeito da Escola Jesus Cristo




Pedi licença ao doutor Flávio Mussa, presidente da Escola Jesus Cristo, em Campos dos Goytacazes, para reproduzir em meu blog sua última postagem (http://espiritismocristao.blogspot.com/):




A foto acima é do almoço oferecido aos assistidos da Escola no último 14 de dezembro



"Enviei esse e-mail ao jornalista Saulo Pessanha, que em sua coluna da Folha da Manhã de 08/12/2008 insinuou de modo ácido que a Escola Jesus Cristo despreocupou-se de sua ação social em função de gastos com segurança.


***


Caro jornalista Saulo Pessanha,

.
Antes de qualquer ressalva às suas inserções do último dia 08 de dezembro em sua coluna da Folha da Manhã, quero reafirmar a dívida de gratidão que tenho com a sua pessoa, bem como as dos jornalista Sileno Martinho, Michele Mayrink e mais alguns que a memória de meu computador não registra mais, que no ano de 2005, ajudaram-me na divulgação das obras inéditas de Nina Arueira e Clóvis Tavares, meu Pai, então lançadas como celebração dos 70 anos da morte de Nina e dos 70 anos de fundação da Escola Jesus Cristo.

.
Caro Jornalista Saulo Pessanha, neste ano de 2008, publicamos mais dois livros de meu Pai. Tratam-se de "João Batista" e "Rocha dos Séculos" que são estudos sobre os mais diversos assuntos sob a ótica espírita-cristã. A edição dos livros sempre é realizada com a ajuda financeira de amigos e revertida em favor de nossas obras.
Com respeito às notas copiadas abaixo:


"Pedido
A Escola Jesus Cristo, por conta da violência na cidade, está pedindo, veja só, um SOS financeiro à população. O presidente Flávio Mussa Tavares revela que a entidade tem sofrido pequenos assaltos quase que diariamente. Por conta disso, o que fez a escola? Colocou seguranças no período noturno. Mas acha pouco.
E mais...
Daí que providenciou um sistema de alarmes, ora em concorrência. Para bancá-lo, a Escola Jesus Cristo abriu uma conta no Banco do Brasil. Coisa inédita. O dinheiro doado, pelo menos na circular de Flávio Mussa, não é para o Natal dos assistidos ali. Mas para bancar o custeio da segurança. " ;

.
é necessário fazer algumas correções às quais, presumo, após a leitura deste e-mail, o qual peço antecipadamente perdão por ser extenso, o senhor retificará no mesmo espaço dedicado às afirmativas.
.
No último dia 27 de outubro a Escola Jesus Cristo completou 73 anos de fundação. Ela é mantida por seu quadro de associados que livremente estipulam a contribuição à instituição.
Durante cerca de 48 anos a Escola Jesus Cristo manteve, sem nenhum convênio público um orfanato para meninas que em determinadas épocas abrigava cerca de quarenta delas. Já existiu também um orfanato masculino no qual meu Pai, em sua solteirice cuidou de meninos, mas que durou menor período de tempo, cerca de 10 anos.

.
Desde a década de 60 até meados da década de 90, o orfanato para meninas era da responsabilidade de uma senhora abnegada chamada Valdéia Ribeiro Bueno, que faleceu em 2003. O orfanato nos anos 80 começou a ficar desatualizado em função das novas exigências do Estatuto da Criança e do Adolescente, que a rigor é de 1990, mas é a culminância de muitas reestruturações do Serviço Social que sistematizou e profissionalizou o que antes era realizado apenas com a boa vontade.

.
Na segunda metade da década de 90, a Sra. Valdéia, mesmo sem a companhia das crianças continuou, a despeito de sua idade, a residir na instituição. E lá vivia como uma zeladora carinhosa e bondosa com todos que lá buscavam acolhimento amigo durante a semana, em horários não convencionais, de reuniões da instituição. Essas visitas eram em quase a sua totalidade de moradores das comunidades do Tira-Gosto e Matadouro, que ali eram acolhidos com palavras de amor e alguns gêneros de primeira necessidade, muitas vezes de seu próprio consumo pessoal.

.
Após seu desenlace em 2003, tivemos algumas pessoas que ali foram residir, mas que infelizmente nunca ficaram à altura da competência humana e espiritual de Valdéia.
Neste ano de 2008, ficamos, de imprevisto, sem zelador. Diga-se de passagem que nossos zeladores tem o perfil de um homem ou um casal que não tem residência própria e que ali passam a morar com conforto, além de direitos trabalhistas.

.
Com a ausência do morador do local, tivemos a sequência de invasões com pequenos furtos e certos atos de vandalismo como sujar as dependências com fezes e algumas depredações.
Numa noite em que fomos chamados para ver os estragos causados por nossos visitantes indesejados, fomos constrangidos a tomar uma atitude de contratar uma vigilância noturna e apreçar a cerca elétrica.

.
A segurança noturna já foi dispensada e a proteção elétrica ainda está acima de nossas possibilidades. Razão que me fez tomar a atitude de encaminhar uma solicitação dirigida especificamente a alguns amigos. Enviei o e-mail, assim, para algumas pessoas conhecidas, muitas delas que já frequentaram nossa instituição , solicitando uma contribuição para estas providências. Foi uma idéia muito infeliz, pois poucas foram as pessoas que dispuseram-se a fazer o depósito. E foi infeliz, ademais, pois resultou numa informação truncada e numa notificação na imprensa que feriu a história de nossa casa, jamais maculada na imprensa nestes 73 anos de trabalho espiritual, cultural e assistencial.

.
Outro detalhe é que não foi aberta nenhuma conta corrente para essa finalidade. Esta é a única conta corrente da Escola Jesus Cristo, a qual achei mais razoável indicar os dados para eventuais amigos que se sensibilizassem com o meu comunicado limitado e reservado ou como dizem os franceses, "en petit comite".

.
Alguns desses amigos tomaram a decisão por auto recreação, de repassar o mesmo, o que pode ter tido , como teve, um efeito de progressão geométrica. Nesse espraiamento da mensagem, é que, provavelmente, chegou ao seu computador, uma mensagem minha nos repasses feitos simplesmente com um teclar "enter".

.
A título de maiores informações, quero ainda esclarecer ao nosso caro repórter, que nossas atividades em relação aos nossos assistidos sempre são realizadas sem nenhuma divulgação na mídia e muito menos com solicitação pública de recursos financeiros.

.
Na atualidade, não temos mais orfanatos, que devem adequar-se à nova legislação, e ainda não temos estrutura para tal. Entretanto, temos cadastradas mais de cem famílias que são atendidas aos sábados, onde lhes é oferecido, além da cesta básica, estudos facilitados de Evangelho, aulas de artesanato e um coral de senhoras. Para o ano de 2009, já está programado um curso de Alfabetização de adultos. Continuamos sem nenhum convênio público e preferimos atuar com nossos próprios recursos.

.
Encaminho ao senhor, Jornalista Saulo Pessanha, algumas fotos do almoço que fizemos com os assistidos na manhã do dia 14 de dezembro, na mesma semana em que foram publicadas as inverdades em sua coluna.

.
Portanto, sem buscar nenhuma reparação para o meu nome, o qual reconheço indigno e imerecedor de qualquer evidência, solicito do senhor a reparação das notas desonrosas à Escola Jesus Cristo, que tem sido ao longo destes 73 anos um referencial de respeito, cultura, humanidade e constância. Ela se mantém funcionando ininterruptamente, inclusive em épocas como natal, ano novo, carnaval e outras, quando percebemos inclusive que há necessidade de existir um posto aberto para auxílio espiritual, quando se multiplicam os sofrimentos e as necessidades dos desesperançados.

.
Ratifico minhas escusas pela longa missiva, todavia, não poderia furtar-me à necessária correção da informação, da qual a veracidade constitui a sua face bela.
Lembro também que o fato de uma instituição derivar suas preocupações com a segurança não significa de modo algum que esteja abandonando sua vocação primeira, assim como o fato de um chefe de família, preocupada com a segurança de sua casa, não o desobriga de preocupar-se com seus outros misteres.

.
Conto assim, com a sua compreensão, no sentido de transmitir aos leitores desde matutino as informações coerentes com os fatos, desfazendo assim mal entendidos e evitando que necessitemos de interlocutores que são sempre mais indesejáveis que o estabelecimento de um diálogo franco e direto.

.
Despedindo-me coloco-me à sua inteira disposição para maiores informações, inclusive para quando chegarem aos seus ouvidos, ou ao seu computador, informações que não sejam necessariamente verdadeiras.

.
Informo também que este e-mail tem cópias para outros jornalistas da Folha da Manhã.
Preferindo fazer-nos uma visita, estarei também ao seu inteiro dispor nas sextas feiras às 20 horas ou nos domingos às 11 horas.

.
Aproveitando a oportunidade da época, rogo a Jesus um Natal de Paz para o senhor, Jornalista Saulo Pessanha e para toda a sua família, bem como para os funcionários e diretores do Jornal Folha da Manhã.

.
Flávio Mussa Tavares"




Uma pena a Escola, instituição septuagenária, que tanto contribui para o bem-estar da sociedade campista, ser alvo de tanta leviandade. Aos amigos, para que pensem antes de falar - ouvi, uma vez, que há quatro coisas que não se desfazem/apagam: a pedra atirada, a palavra dita, a ocasião perdida, e o tempo passado. Desconheço o autor.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Mulheres

Mulheres

Pablo Neruda


Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.

Elas brigam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se para injustiça.
Elas não levam "não" como resposta quando
acreditam que existe melhor solução.

Elas andam sem novos sapatos para
suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao medico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.

Elas choram quando suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prêmios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversario ou um novo casamento.


Pablo Neruda



Eu, mamãe e Vanessa - por mim mesma ;)

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Procuradores divulgam carta de repúdio a habeas corpus concedido por Gilmar Mendes

Folha Online

11/07/2008 - 17h36


Quarenta e dois procuradores da República divulgaram nesta sexta-feira (11) uma carta aberta à sociedade brasileira, na qual lamentam a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes no habeas corpus que tirou o banqueiro Daniel Dantas da prisão pela primeira vez, no dia 9 de julho.
Dez horas depois de ser libertado na terça, Dantas voltou a ser preso, desta vez preventivamente. O pedido foi feito pelo juiz da 6ª Vara, Fausto de Sanctis, que hoje é acusado pelo ministro Gilmar Mendes de mandar a Polícia Federal monitorar seu gabinete. Hoje, pela segunda vez, Mendes concedeu liminar para suspender a decisão da prisão preventiva do banqueiro. Na carta, os procuradores dizem que "as instituições democráticas brasileiras foram frontalmente atingidas pela decisão liminar que, em tempo recorde, sob o pífio argumento de falta de fundamentação, desconsiderou todo um trabalho criteriosamente tratado nas 175 (cento e setenta e cinco) páginas do decreto de prisão provisória proferido por juiz federal da 1ª instância, no Estado de São Paulo". Leia a íntegra abaixo: Carta aberta à sociedade brasileira sobre a recente decisão do Presidente do Supremo Tribunal Federal no habeas corpus nº 95.009-4.

Dia de luto para as instituições democráticas brasileiras

1. Os Procuradores da República subscritos vêm manifestar seu pesar com a recente decisão do Presidente do Supremo Tribunal Federal no habeas corpus nº 95.009-4, em que são pacientes Daniel Valente Dantas e Outros. As instituições democráticas brasileiras foram frontalmente atingidas pela decisão liminar que, em tempo recorde, sob o pífio argumento de falta de fundamentação, desconsiderou todo um trabalho criteriosamente tratado nas 175 (cento e setenta e cinco) páginas do decreto de prisão provisória proferido por juiz federal da 1ª instância, no Estado de São Paulo.

2. As instituições democráticas foram frontalmente atingidas pela falsa aparência de normalidade dada ao fato de que decisões proferidas por juízos de 1ª instância possam ser diretamente desconstituídas pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, suprimindo-se a participação do Tribunal Regional Federal e do Superior Tribunal de Justiça. Definitivamente não há normalidade na flagrante supressão de instâncias
do Judiciário brasileiro, sendo, nesse sentido, inédita a absurda decisão proferida pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal.

3. Não se deve aceitar com normalidade o fato de que a possível participação em tentativa de suborno de Autoridade Policial não sirva de fundamento para o decreto de prisão provisória. Definitivamente não há normalidade na soltura, em tempo recorde, de investigado que pode ter atuado decisivamente para corromper e atrapalhar a legítima atuação de órgãos estatais.

4. O Regime Democrático foi frontalmente atingido pela decisão do Presidente do Supremo Tribunal Federal, proferida em tempo recorde, desconstituindo as 175 (cento e setenta e cinco) páginas da decisão que decretou a prisão temporária de conhecidas pessoas da alta sociedade brasileira, sob o argumento da necessidade de proteção ao mais fraco. Definitivamente não há normalidade em se considerar grandes banqueiros investigados por servirem de mandantes para a corrupção de servidores públicos o lado mais fraco da sociedade.

5. As decisões judiciais, em um Estado Democrático de Direito, devem ser cumpridas, como o foi a malsinada decisão do Presidente do Supremo Tribunal Federal. Contudo, os Procuradores da República subscritos não podem permanecer silentes frente à descarada afronta às instituições democráticas brasileiras, sob pena de assim também contribuírem para a falsa aparência de normalidade que se pretende instaurar.

Brasil, 11 de julho de 2008.

Sérgio Luiz Pinel Dias - PRES
Paulo Guaresqui - PRES
Helder Magno da Silva - PRES
João Marques Brandão Neto - PRSC
Carlos Bruno Ferreira da Silva - PRRJ
Luiz Francisco Fernandes - PRR1
Janice Agostinho Barreto - PRR3
Luciana Sperb - PRM Guarulhos
Ramiro Rockembach da Silva Matos Teixeira de Almeida- PRBA
Ana Lúcia Amaral - PRR3
Luciana Loureiro - PRDF
Vitor Veggi - PRPB
Luiza Cristina Fonseca Frischeisen - PRR3
Elizeta Maria de Paiva Ramos - PRR1
Geraldo Assunção Tavares - PRCE
Rodrigo Santos - PRTO
Edmilson da Costa Barreiros Júnior - PRAM
Ana Letícia Absy - PRSP
Daniel de Resende Salgado - PRGO
Orlando Martello Junior - PRPR
Geraldo Fernando Magalhães - PRSP
Sérgio Gardenghi Suiama - PRSP
Adailton Ramos do Nascimento - PRMG
Adriana Scordamaglia - PRSP
Fernando Lacerda Dias - PRSP
Steven Shuniti Zwicker - PRM Guarulhos
Anderson Santos - PRBA
Edmar Machado - PRMG
Pablo Coutinho Barreto - PRPE
Maurício Ribeiro Manso - PRRJ
Julio de Castilhos - PRES
Águeda Aparecida Silva Souto - PRMG
Rodrigo Poerson - PRRJ
Carlos Vinicius Cabeleira - PRES
Marco Tulio Oliveira - PRGO
Andréia Bayão Pereira Freire - PRRJ
Fernanda Oliveira - PRM Ilhéus
Luiz Fernando Gaspar Costa - PRSP
Douglas Santos Araújo - PRAP
Paulo Roberto de Alencar Araripe Furtado - PRR1
Paulo Sérgio Duarte da Rocha Júnior - PRRN
Cristianna Dutra Brunelli Nácul - PRRS


Daniel Dantas é um dos detidos devido à Operação Satiagraha da Polícia Federal, que investiga desvio de verbas públicas e crimes financeiros.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Um Juiz, sobre uma Mãe


Indaga-me, jovem amigo, se as sentenças podem ter alma e paixão. O esquema legal da sentença não proíbe que tenha alma, que nela pulsem vida e emoção, conforme o caso. Na minha própria vida de juiz senti muitas vezes que era preciso dar sangue e alma às sentenças.

Como devolver, por exemplo, a liberdade a uma mulher grávida, presa porque trazia consigo algumas gramas de maconha, sem penetrar na sua sensibilidade, na sua condição de pessoa humana? Foi o que tentei fazer ao libertar Edna, uma pobre mulher que estava presa há oito meses, prestes a dar à luz, com o despacho que a seguir transcrevo:

A acusada é multiplicadamente marginalizada:
Por ser mulher, numa sociedade machista…
Por ser pobre, cujo latifúndio são os sete palmos de terra dos versos imortais do poeta.
Por ser prostituta, desconsiderada pelos homens, mas amada por um Nazareno que certa vez passou por este mundo.
Por não ter saúde.
Por estar grávida, santificada pelo feto que tem dentro de si.
Mulher diante da qual este juiz deveria se ajoelhar numa homenagem à maternidade, porém que, na nossa estrutura social, em vez de estar recebendo cuidados pré-natais, espera pelo filho na cadeia.

É uma dupla liberdade a que concedo neste despacho:
liberdade para Edna e liberdade para o filho de Edna que, se do ventre da mãe puder ouvir o som da palavra humana, sinta o calor e o amor da palavra que lhe dirijo, para que venha a este mundo, com forças para lutar, sofrer e sobreviver.

Quando tanta gente foge da maternidade…
Quando pílulas anticoncepcionais, pagas por instituições estrangeiras, são distribuídas de graça e sem qualquer critério ao povo brasileiro…
Quando milhares de brasileiras, mesmo jovens e sem discernimento, são esterilizadas…
Quando se deve afirmar ao mundo que os seres têm direito à vida, que é preciso distribuir melhor os bens da terra e não reduzir os comensais…
Quando, por motivo de conforto ou até mesmo por motivos fúteis, mulheres se privam de gerar, Edna engrandece hoje este Fórum, com o feto que traz dentro de si.
Este juiz renegaria todo o seu credo, rasgaria todos os seus princípios, trairia a memória de sua mãe, se permitisse sair Edna deste Fórum sob prisão.

Saia livre, saia abençoada por Deus…
Saia com seu filho, traga seu filho à luz…
Porque cada choro de uma criança que nasce é a esperança de um mundo novo, mais fraterno, mais puro, e algum dia cristão…
Expeça-se incontinenti o Alvará de Soltura.”

O artigo vem assinado pelo meritíssimo juiz João Batista Herkenhoff, livre-docente da Universidade Federal do Espírito Santo.

sábado, 17 de maio de 2008

Relato de Kim Phuc sobre o bombardeio



A foto da garota Kim Phuc, nua, fugindo de seu povoado que estava sofrendo um bombardeio de napalm, até hoje é lembrada como uma das mais terríveis imagens da Guerra do Vietnã.
No momento em que a foto foi tirada, em 8 de junho de 1972, a vida de Kim Phuc, então com 9 anos, mudaria para sempre. Hoje, 32 anos depois, Kim Phuc é Embaixatriz da Boa Vontade da UNESCO. Ela contou à BBC sua experiência.

"Em 1972, os americanos lançaram uma bomba de napalm em meu povoado, no sul do Vietnã.
Um fotógrafo, Nick Ut, tirou uma foto minha fugindo do fogo, a foto que hoje é tão famosa.
Eu me lembro que tinha 9 anos, era apenas uma menina. Naquela noite, nós do povoado havíamos ouvido que os vietcongues estavam vindo e que eles queriam usar a vila como base.
Então, quando já era dia, eles vieram e iniciaram os combates no povoado.
Nós estávamos muito assustados.
Eu me lembro que minha família decidiu procurar abrigo em um templo, porque nós acreditávamos que lá era um lugar sagrado.
Nós acreditávamos que, se nos escondêssemos lá, estaríamos a salvo.
Eu não cheguei a ver a explosão da bomba de napalm; só me lembro que, de repente, eu vi o fogo me cercando.
De repente, minhas roupas todas pegaram fogo, e eu sentia as chamas queimando meu corpo, especialmente meu braço.
Naquele momento, passou pela minha cabeça que eu ficaria feia por causa das queimaduras, que eu não ia mais ser uma criança como as outras.
Eu estava apavorada, porque de repente não vi mais ninguém perto de mim, só fogo e fumaça.
Eu estava chorando e, milagrosamente, ao correr meus pés não ficaram queimados.
Só sei que eu comecei a correr, correr e correr.
Meus pais não conseguiriam escapar do fogo, então eles decidiram voltar para o templo e continuar abrigados por lá.
Minha tia e dois de meus primos morreram.
Um deles tinha 3 anos e o outro só 9 meses, eram dois bebês.
Então, eu atravessei o fogo.

Queimaduras

O fotógrafo Nick Ut nos levou para um hospital das redondezas.
Assim que ele nos deixou lá, foi para uma sala escura revelar as fotos.
Depois, me falaram que eu e as outras pessoas feridas seriam transferidas para o hospital de Saigon.
Dois dias depois, meus pais me encontraram no hospital.
Eu passei bastante tempo no hospital: 14 meses.
Os médicos fizeram 17 cirurgias para curar as queimaduras de primeiro grau.
Metade do meu corpo ficou queimada.
Aquele foi um momento decisivo na minha vida.
A partir daí, eu comecei a sonhar em como ajudar outras pessoas. Meus pais guardaram a foto, que tinha saído num jornal, e depois a mostraram para mim."Esta é você, quando você estava ferida", disseram eles. Eu não consegui acreditar que era eu, era uma foto aterrorizante.
Eu acho que todas as pessoas deveriam ver essa foto,
mesmo hoje.
Porque essa foto mostra claramente como uma guerra é terrível para as crianças. Você pode ver o terror no meu rosto. Basta ver a foto, para as pessoas aprenderem.

Este texto foi adaptado de uma gravação feita para o site do BBC World Service em inglês.


The Kim Foundation and Save the Children
País: Timor Leste

http://www.time.com/time/asia/magazine/99/0913/timor.html

http://news.bbc.co.uk/2/hi/asia-pacific/1335939.stm

http://atimes.com/se-asia/CF15Ae01.html

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Muito Tarde

Muito tarde se percebe
Que se desprezou a chance,
Que não se fez o que pôde,
Que não se seguiu adiante...


Muito tarde é que se nota

O quanto se foi mesquinho,

De comportamento tolo,

De gesto deselegante...


Muito tarde se conclui

Que havia uma outra saída
Mais fácil e um outro caminho
Muito mais interessante...


Muito tarde se confessa

A culpa desnecessária,

O choro feito de erros,

O remorso castigante...


Muito tarde se avalia

A palavra inoportuna,

O gesto destemperado,

A atitude ignorante...


Muito tarde, muito tarde

A letra fora de hora,

O verbo fora do tempo,

O efeito desconcertante...

Muito tarde é que se sente

Que não se amou o suficiente...
"Muito tarde é que se vê
Que não se amou o bastante"...



Poesia de Luis Alberto Mussa Tavares -
http://quasepoesia.blogspot.com - médico e poeta =)

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Bezerra de Menezes - O Filme

"O médico verdadeiro não tem o direito de acabar a refeição, de escolher a hora, de inquirir se é longe ou perto. O que não atende por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou tempo, ficar longe, ou no morro; o que sobretudo pede um carro a quem não tem como pagar a receita, ou diz a quem chora à porta que procure outro – esse não é médico, é negociante de negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros os gastos da formatura. Esse é um desgraçado, que manda, para outro, o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do
seu espírito, a única que jamais se perderá nos vaivens da vida"।



Filme: Bezerra de Menezes - o Médico dos Pobres (Diário do Nordeste)


Filme "Bezerra de Menezes - O Médico dos Pobres"
Diário do Nordeste - 05/08/2007

Além do tempo

Bezerra de Menezes. Mais do que um nome familiar, a avenida - uma das maiores e mais populares de Fortaleza - homenageia uma personalidade cearense, infelizmente, ainda pouco conhecida por seus atuais conterrâneos. Resgatar sua trajetória de vida e suas principais contribuições para a sociedade brasileira são alguns dos objetivos do filme ´Bezerra de Menezes - O Médico dos Pobres´, que está em fase de finalização

Ela começa no Mercado São Sebastião e termina perto do Campus do Pici da Universidade Federal do Ceará (UFC). Nesse trajeto é possível encontrar tráfego intenso, comércio efervescente, residências, escolas, shoppings e até venda de cordas de caranguejos... Dinâmica. Assim como a Avenida Bezerra de Menezes, foi a vida do homem que emprestou seu nome à via.

Médico, político, espírita, abolicionista, defensor das causas ambientais, mas, acima de tudo, dedicado às causas sociais. Adolfo Bezerra de Menezes é tema de longa-metragem. Na verdade, um ´docudrama´, produção que mescla o gênero documentário e ficção.

Dirigido por Glauber Filho e Joe Pimentel, as filmagens de ´Bezerra de Menezes - O médico dos pobres´ tiveram início em maio e se estenderam até 15 de julho, nos municípios de Pacoti, Aratuba, Guaramiranga, Mulungu e Fortaleza, seguindo depois para Recife e o Rio de Janeiro.

Segundo Glauber Filho, a idéia de produzir o filme sobre o personagem surgiu a partir de uma conversa com a Associação Estação da Luz (a mesma que promove a Mostra Brasileira de Teatro Transcedental). ´Bezerra era um homem que estava à frente de seu tempo. Além do que, ele exerceu o ofício da Medicina como sacerdócio. Teve posses e se desfez dessas posses com o exercício da medicina. Exerceu a caridade ao extremo. Então, ele é um grande vulto da história social e política brasileira e ainda é considerado hoje um referencial dentro do universo espírita´, afirma o diretor.

Político atuante, Bezerra de Menezes, que tinha tendência para o modelo parlamentarista, levantava bandeiras sociais e ecológicas: foi responsável, por exemplo, por propostas de leis abolicionistas, de melhores condições para o empregado e de preservação ecológica.

Espiritismo

Apesar de abordar o tema da espiritualidade, Glauber Filho alerta que a produção não toma partido da religião espírita, sendo inteiramente baseada em fatos reais. ´Esse filme não é panfletário. A gente quer evidenciar essa trajetória de vida de Bezerra de Menezes e o que ele significa hoje. Resgatar a memória é o grande desafio´, frisa. ´Não existe uma fantasia, não existe um ´Ghost´. Existe a mensagem da espiritualidade no sentido da caridade, da compaixão, do amor ao próximo, completa.

Sabe aquelas coincidências estranhas do dia-a-dia ou aqueles problemas complexos que, a princípio parecem não ter solução e, repentinamente, surge aquela luz no fim do túnel? Então, Bezerra de Menezes coleciona várias histórias do tipo.

Em uma delas, o personagem, já morando no Rio e cursando Medicina, está com dificuldades financeiras. Quando pensa em desistir da profissão, eis que um aluno vai ao seu encontro pedindo uma aula de matemática. O estudante não só paga adiantado, como não aparece. Terá sido uma providência divina? Glauber Filho prefere deixar a questão em aberto: ´O universo espírita considera que isso foi uma ajuda da espiritualidade. Pra quem não é espírita, pode considerar isso uma grande coincidência´.

O vento também pareceu assoprar a favor do diretor. Glauber ressalta que a equipe não encontrou nenhuma dificuldade para rodar as cenas. Não houve quebra de equipamento, falta de verbas e até desintendimentos nos bastidores, problemas bastante comuns às produções cinematográficas. ´Tudo saiu dentro do cronograma´, diz Glauber. ´Será que foi Bezerra?´, interfere a repórter. ´Não sei se foi o Bezerra de Menezes, mas que tudo deu certo, deu certo´, afirma (risos).

Vida

A vida do personagem começa em 1831, na localidade de Riacho do Sangue, depois denominada de Jaguaretama, no Ceará. Por volta dos 18 anos, Bezerra vai para o Rio para se graduar médico. Lá, se elegeu vereador e deputado. O apelido Médico dos Pobres foi lhe atribuído por conta de seu trabalho realizado em prol dos desfavorecidos.

Juliana Colares
Repórter